O Hobbie Eletrônica – Como tudo começou

Olá, neste post vou contar como a Eletrônica tornou-se um dos meus hobbies.


Minha formação acadêmica e experiência profissional são totalmente voltadas ao desenvolvimento de software. Fiz segundo grau técnico em Processamento de dados, depois me graduei em Bacharelado em Sistemas de Informação e atualmente faço pós-graduação em Cloud Computing.

Eu queria fazer contabilidade no ensino médio (antigo segundo grau), mas meu pai falou que computador era coisa do futuro (isso foi lá em 1990) e que eu deveria fazer Processamento de Dados. Ao concluir o primeiro ano de Processamento de Dados percebi que não tinha aprendido nada (nada mesmo) sobre computador. Se continuasse assim até o final do curso, iria deixar meu pai muito decepcionado. Então fui para o segundo ano disposto a aprender tudo sobre computador.

Quando não conseguia finalizar os exercícios que o professor passava, eu apagava tudo e começava tudo novamente. Isso fez com que eu memorizasse os comandos da linguagem de programação, fortaleceu minha lógica de programação e, diferente do primeiro ano, agora eu ajudava outros alunos a fazerem seus exercícios.

Durante o segundo grau técnico ganhei meu primeiro computador. Era um 286, monitor monocromático, sem disco rígido. Tinha apenas drive de disquete. Frequentava quase diariamente o laboratório de Informática da escola, chegava em casa e ia para o computador estudar.

Como a Internet começou a ficar disponível no Brasil depois de 1995, os recursos que tinha para estudar era o que aprendia na escola, alguns pouquíssimos livros e revistas.

Com a rotina escola, uso do laboratório da escola e do computador em casa, aprendi a estudar sozinho e buscar as informações e soluções por conta própria, me tornando um autodidata na Informática.

Sabia fazer softwares simples, instalar MS-DOS, Windows 3.11 e alguns jogos, mas não sabia nada sobre o hardware. Não entendia como todas aquelas peças dentro do gabinete poderiam funcionar todas juntas.

Com a ajuda de um amigo, aprendi a desmontar e montar computadores. Agora sabia criar pequenos softwares, conseguia fazer manutenção de computadores, mas surgiu outra curiosidade. Como é possível criar um programa e colocá-lo num ‘negocinho’ escuro chamado microprocessador (CI – Circuito Integrado) e ao ligar o computador e pressionar uma determinada tecla iria aparecer o tão famoso setup (BIOS) do computador?

Passou vários anos, sempre estudando por conta própria, criando meus softwares, fazendo manutenção de computadores, fiz uma graduação em Sistemas de Informação, tive a oportunidade de atuar em diversas áreas do desenvolvimento de softwares. Em paralelo desenvolvi uma segunda carreira como professor de linguagens de programação, criando e ministrando vários cursos, todos voltados ao desenvolvimento de software. Mas a vontade de aprender Eletrônica para entender como inserir um programa num microprocessador sempre ficou em segundo plano.

Em 2018 ganhei uma placa de prototipação eletrônica chamada Arduino. Pensei, como vou usar essa plaquinha se não sei nada de Eletrônica? Vou queimá-la já na primeira tentativa de uso.

Então decidi iniciar os estudos em Eletrônica. Comecei procurando vídeos no YouTube sobre o que e quais sucatas eletrônicas aproveitar. Foram diversos vídeos assistidos, vídeos sobre como reaproveitar peças de impressora, dvd player, drive de cdrom, disco rígido, aparelho de som, televisão LED e CRT. A cada vídeo assistido, aprendia um pouquinho do básico da Eletrônica.

Sabendo como desmontar e quais peças aproveitar de alguns equipamentos eletrônicos, o próximo passo era conseguir as sucatas eletrônicas. Familiares, amigos, amigos dos amigos, todos me ajudaram nessa fase. Ganhei muita coisa legal.

Desmontava cada sucata com muito cuidado, separando as peças que poderiam ser reaproveitadas em caixas de papelão e as demais peças separava para descarte. Não demorou muito para meu apartamento ficar cheio de caixas por todo lado. Pensem na felicidade da minha esposa (risos).

Já sabia o que reaproveitar das sucatas eletrônicas e já tinha uma boa quantidade de peças e componentes eletrônicos. O próximo passo foi procurar vídeos que ensinassem como criar projetos de Eletrônica usando as peças e componentes retirados das sucatas.

Reproduzi vários projetos interessantes. Gerador de energia usando motor DC retirado de drive de cdrom, ventilador de mesa usando cooler retirado de fonte de computador, amplificador de som com transistor 13007 retirado de fonte de computador, abajur de mesa utilizando lâmpada 12V, resistor e potenciômetro linear, tudo reaproveitado das sucatas eletrônicas.

Depois de criar vários projetos usando sucata eletrônica e aprendendo o básico da Eletrônica analógica e digital, já me sentia confortável e confiante em usar aquela plaquinha de prototipação eletrônica (já tinha esquecido dela né? Lembra, o Arduino!).

Então comecei a procurar vídeos sobre projetos com Arduino UNO. Nessa fase precisei comprar alguns componentes eletrônicos mais específicos, como display LCD 2x16, sensores de temperatura DHT11 e LM35, sensor de presença, display de 7 segmentos de 1 e 4 dígitos, jumpers e protoboard.

Foi aqui, com o estudo do Arduino, que compreendi como os programas são criados e armazenados em microprocessadores. Entendi a diferença entre Arduino e PIC e descobri outras plataformas de prototipagem eletrônica, tais como ESP32, BeagleBone e Raspberry Pi (esse aqui é um verdadeiro computador de bolso). E o principal, agora entendia como o setup (BIOS) do computador funciona.

Dedicar algumas horas e alguns finais de semana pesquisando e estudando Eletrônica, de alguma forma traz um renovo, uma visão diferente das coisas. Quando volto para a minha atividade diária, que é o desenvolvimento de software, tenho uma perspectiva diferente das coisas. É uma sensação difícil de explicar. Mas com certeza me ajuda muito no dia a dia como programador de computador.

Espero que tenha gostado e que este post possa servir de motivação para você não desistir dos seus senhos.

Um grande abraço e até o próximo post.


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